Entrevistas




Ninah Jo, emoção a flor da pele 

Foto: Arquivo Pessoal





A voz de Ninah não é um desabafo… É um impulso lírico que canta sem pensar tudo o que o inconsciente grita. Seu show é o instantâneo de sua memória musical afetiva. Foi assim que o poeta Luiz Guilherme de Beaurepaire descreveu essa interprete maravilhosa, com seu estilo obsessivo, dramático e de uma dolorosa intensidade, transmitindo em sua voz  uma personalidade marcante e apaixonada. Josiane Carolina ou Ninah nasceu em Curitiba/PR, mas mora no Rio de Janeiro em companhia do Arthur, seu gato que ela considera como parte da família.
Ninah, sua paixão pela música teve início na infância?
A música sempre esteve presente na minha vida, onde aos 12 anos comecei a tocar violão de ouvido e aos 18 quando estava na faculdade de Desenho Industrial, descobri que minha vida era a música. Abandonei a faculdade e me mudei para o Rio de Janeiro. 
Ninah Jo
Como foi o início? Se apresentou em programas de calouros?
Em 1984 comecei a participar de vários festivais de música pelo Brasil, onde defendia canções de compositores que tive o prazer de conhecer onde conquistei vário prêmios de 1° lugar e melhor intérprete. Em 1985 fiz meu 1° show no antigo Clube do Samba ( apesar da não ser sambista…rs) e na sequência fui apresentada no Seis e Meia por Angela RoRo. Em 2009 voltei a participar dos festivais por todo o país, mas em programas de calouros nunca participei. Participei do programa A grande Chance, onde fui a vencedora entre 60 participantes. Essa foi uma época de grande importância na minha vida, numa fase onde eu questionava  muitas coisas e receber esse prêmio foi a comprovação do quanto a música é importante pra mim e que jamais devo abandoná-la, porque ela não me abandona.
Qual sua opinião sobre esses programas?
Acho que toda a forma de exposição na mídia  para apresentar  talentos são válidas. Só não concordo com o limite de idade imposta pela grande maioria deles. Artista não tem idade, está ai a Suzan Boyle para confirmar, onde ela foi um grande sucesso mundial num programa da Inglaterra aos 50 anos.
Falta oportunidades aos bons interpretes com suas músicas de qualidade, onde músicas comerciais e de apelos populares ganham mais espaço?
Essa é uma desigualdade injusta. Tem que existir espaço para todas as formas de manifestações artísticas. O povo gosta de arte, de entretenimento e gosta de música boa também. Prova disso é o índice de audiência do The Voice Brasil exibido pela Rede Globo, que alcança um grande público.

Você por motivos de numerologia mudou seu nome para Nina Miranda. Você é uma pessoa mística?
Sou sim…Acredito numa energia maior que rege o Universo, onde tudo é energia. A  1ª mudança de nome aconteceu porque eu não gostava do Jô Miranda, meu nome anterior que foi adotado pelo apelido de infância (Jô). O Nina apareceu na numerologia e eu “vesti” imediatamente, pois era o apelido da minha avó que se chamava Carolina (meu 2° nome que foi dado em homenagem à ela). Achei a “coincidência” muito legal. Descobri depois de um tempo, que existia uma cantora brasileira radicada na Itália com o nome Nina Miranda e ai fui obrigada a mudar novamente.  Como as pessoas que me conheceram como Jo não conseguiam me chamar de Nina, então resolvi fazer uma junção dos 2 nomes e consultei a numerologia para saber sobre a vibração energética do novo nome, onde me recomendaram acrescentar o “h” . Assim surgiu Ninah Jo ( sem acento) 
Teve uma música em parceria com o Jorge Vercilio, na trilha sonora da novela Fina Estampa (TV Globo). Novela contribui para uma música acontecer?
É uma exposição positiva, onde  depende do sucesso que a música da novela faça nos meios de comunicação. Memória do Prazer foi uma música razoavelmente bem executada nas rádios e é claro atinge um público maior. Foi muito positivo, o Jorge é uma pessoa muito generosa e me convidou para fazer participações em vários dos seus shows e foi quem me proporcionou a possibilidade do meu CD.
Além de cantora é produtora, o projeto Seis e Meia  foi seu primeiro trabalho de produção?
Vim morar no Rio e assim poder trabalhar nesse projeto, mas infelizmente acabou, após a morte do seu criador Albino Pinheiro onde fui sua assistente por 5 anos. Depois fiz outros trabalhos de produção, mas já estava com minha carreira de música paralela.
Participou de vários projetos musicais como Companhia de Ilusões, Canto Aberto e Mulheres de ANtenas. Qual deles teve um maior destaque?
Mulheres de Antenas sem dúvida, apesar da pouca duração foi um grande aprendizado. Até hoje as pessoas lamentam o término, mesmo porque era um projeto que poderia seguir paralelo à carreira individual das cantoras. Todas nós com uma marca especial, personalidades diferentes que num encontro houve uma proposta totalmente diferenciada do que já foi  visto antes. Não erámos um grupo vocal, mas sim cantoras e intérpretes.
Você é uma cantora eclética ou de MPB?
Sou uma cantora eclética sim…rs. Acredito que podemos encontrar músicas boas em todos os segmentos. Costumo ouvir de tudo e gostando traduzo para a minha personalidade. 
Fui convidada para fazer a abertura do show da dupla Chitãozinho e Xororo há uns anos atrás e sempre gostei de releituras, onde traduzi um roteiro de 9 músicas pra minha “praia”. rs. Lembro-me que cantei Almir Sater, Renato Teixeira e fui muito bem recebida. 
Costumo dizer que gosto de MPB. Música Popular Boa. (risos)
Você tem conquistado o respeito de grandes nomes da MPB, como Chico Buarque, João Bosco, Milton Nascimento e Lenine entre muitos outros. Quais suas influências musicais?
Tive sim o respeito desses grandes nomes por eles terem tido acesso ao meu trabalho, onde recebi vários elogios o que me deixou muito orgulhosa e extremamente emocionada. 
Através do Vercillo, tive a honra e a oportunidade de conviver com Milton Nascimento  e Fátima Guedes, ícones importantes na minha formação musical, onde senti muito orgulho de estar próxima de ídolos que foram minhas referências. 
Mesmo tendo descoberto a música em Curitiba, a “mineirice” me ganhou desde cedo, onde o Milton Nascimento é meu ídolo. Quando ouvi Clube da Esquina, me apaixonei. A Elis então, me arrebatou. Toda essa gama de talentos da década de 70 como (Chico, João Bôsco, Ivan Lins, etc) construíram em mim uma história linda, onde a minha personalidade musical contém influências de muitos que estão presentes no meu CD, o que retrata um pouco da minha história. 
Qual a importância do projeto Ópera Popular Alabê de Jerusalém, onde se apresentou ao lado de grandes nomes como Jorge Vercillo, Alcione, Ivan Lins, Elba Ramalho entre muitos outros. Como foi participar desse projeto? Por sinal recebeu muitos elogios da crítica pelo seu desempenho.
Foi um projeto maravilhoso, uma beleza indescritível de autoria do Altay Veloso onde contou com as participações do Jorge Vercilio, Elba Ramalho, Alcione, Ivan Lins entre outros. É lamentável que no Brasil não se faça uma divulgação para pessoas que não estão na mídia, porque esse projeto era para ficar em cartaz num teatro no mínimo uns 6 meses. Com recursos próprios e pelo respeito que esses artistas tem pelo compositor Altay foi que ele conseguiu colocar o seu sonho de 25 anos, num palco como o Teatro Municipal. Posso dizer que foi um dos maiores presentes que recebi na minha vida como cantora. Receber um papel tão significativo foi uma emoção muito grande que me encheu de orgulho.
O Altay Veloso esta sempre presente nos seus trabalhos?
Altay é um compositor de vários sucessos, nas vozes de grandes intérpretes da música brasileira como Zizi Possi, Leny Andrade, Roberto Carlos, Emílio Santiago, entre outros. Infelizmente a mídia no Brasil é falha por não divulgar o nome dos autores das obras. Tive o privilégio de abrir meu CD com a obra erudita de Camille Saint-Saens ( A Morte do Cisne) que Altay escreveu uma letra maravilhosa. Ele sempre esteve e estará na minha jornada.
Quem está presente no deu CD?
Jorge Vercillo, Jaques Morelembaun (cello) e Wagner Tiso na música que abre o CD. Foram 2 anos de pesquisa para a  realização desse trabalho onde quero apresentar com muito orgulho o meu 1° filho ao mundo, afinal é o fruto do meu trabalho.
Gostaria que falasse sobre o premio que recebeu recentemente?
Existem vários festivais competitivos pelo Brasil até hoje. Após alguns anos afastada deles, há uns 3 anos atrás recebi de “presente” uma canção maravilhosa do compositor Robertho Ázis chamada “Imensurável”. Voltei à estrada para os festivais e essa música nos trouxe muitas alegrias. Além de prêmios bastante significativos, tivemos a possibilidade de mostrar um pouco mais da MPB, que infelizmente é pouco divulgada no país. Entre prêmios recebidos estão o de Melhor Intérprete, Melhor Música e recentemente (que me deixou muito feliz) foram 2 prêmios de Aclamação Popular.
Projetos novos a vista?
Estou há 3 anos me dedicando inteiramente de corpo e alma ao meu CD ” Caminhos de Mim”. Assim que sair, quero fazer shows de lançamento e colocar o pé na estrada.
Quais suas expectativas para 2014?
O lançamento do meu CD e muitos shows. Estou sentindo falta dos palcos.
Foram 3 anos de pesquisa e produção para esse trabalho que me trouxe muitas alegrias. Agora é concretizar um sonho.
Gostaria de deixar uma mensagem?
“…AMANHÃ!
MESMO QUE UNS NÃO QUEIRAM
SERÁ DE OUTROS QUE ESPERAM
VER O DIA RAIAR 
AMANHÃ,
ÓDIOS APLACADOS,
TEMORES ABRANDADOS,
SERÁ PLENO ! SERÁ PLENO !…”  
(Guilherme Arantes )














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